Qual foi a frase mais bizarra que você já ouviu no mundo corporativo? Essa pergunta feita na postagem do perfil Festa da Firma, no Instagram, abriu espaço para mais de 7 mil pessoas se expressarem, com pérolas como: “pato novo mergulha baixo e leves, bem-humorados, frases que relembram momentos e viram piadas internas permitem mais espontaneidade e geram conexão. Na convivência das equipes, seja digital, seja presencial, esse tom lúdico pode aliviar tensões e criar espaço para a colaboração (Eckert, 2008). Vale apenas o cuidado com piadas de caráter preconceituoso (evitáveis em qualquer contexto) e com a dose de humor. Como afirma Dale Carnegie, o humor é a sobremesa, não o prato principal.
A segunda reflexão é como abordagens diferentes nos permitem perceber as práticas da cultura corporativa. Afinal, cultura é feita pelas pessoas e não para elas. Nem sempre discursos e conteúdos, produzidos para reforçar valores e práticas organizacionais refletem o cotidiano real e diverso da empresa. Por vezes, o que se vê são narrativas de algumas áreas e não a pluralidade de vozes da companhia. Ousar, provocar, escutar as pessoas em seu dia a dia pode trazer à tona mais da cultura real, e não da idealizada.
Terceiro, como a lógica de memes e posts que viralizam revela sobre participação e colaboração. Na cultura da convergência em que vivemos, todas as pessoas participam, em diferentes níveis de status e influência (Jenkins, 2006). É justamente a participação das pessoas nos comentários do post — e em qualquer outro — que cria um cenário favorável para um assunto se disseminar amplamente pelo ciberespaço.
Além dessas três reflexões, o post sobre frases bizarras poderia sim nos alertar sobre o papel da liderança e a segurança psicológica nas equipes; a lógica do comando e controle ou da ultraprodutividade; os julgamentos e as microviolências embutidas em várias frases. Mas posts como esse, memes, figurinhas e outros recursos de linguagem são tão presentes em nosso cotidiano que precisamos ter ter um olhar apreciativo para refletir e aprender com e sobre leveza, mesmo em tempos difíceis.
E, como esse texto começa com uma pergunta, termino com outra.
Qual a ação mais efetiva para afastar as pessoas?
Talvez nessa resposta você encontre mais aprendizados sobre conexão.
Texto escrito por Vívian Rio Stella, publicado em sua coluna mensal na revista Você RH, em julho de 2022.